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Núcleo Museológico da Bemposta




Capela de S. Sebastião
O acervo expositivo deste núcleo museológico integra um conjunto de artefatos – fundamentalmente aras com inscrições romanas e estelas funerárias – cuja proveniência se desconhece, mas que se revestem de relevante importância histórica, constituindo indicadores cronológicos interessantes no que respeita às diferentes fases de ocupação humana do território que hoje compreende a freguesia da Bemposta, bem como no contexto regional do concelho de Penamacor e da Beira Interior.
É justo afirmar-se que este núcleo expositivo resulta, em primeiro lugar, da preocupação manifestada pelos autarcas e cidadãos da freguesia da Bemposta relativamente à guarda e conservação de um precioso conjunto de bens arqueológicos em perigo de deterioração ou mesmo de descaminho; depois, valeu o bom entendimento entre a Junta de Freguesia da Bemposta, Diocese da Guarda, por intermédio da Fábrica da Igreja, e Câmara Municipal de Penamacor, que financiou a obra e forneceu o suporte técnico necessário. Deste modo se acautelou e valorizou não só aquele património, como se recuperou e se devolveu ao uso público um edifício de grande simbologia para a freguesia.
Inscrições Romanas da Bemposta
Documentam as inscrições romanas achadas no termo de Bemposta um bem sugestivo processo de aculturação entre a população preexistente e os romanos recém-chegados.
Assim, os nomes de pessoas estão escritos em Latim, mas resultam da latinização de nomes correntes, de significado concreto; por outro lado, mantém-se o culto à divindade protetora do local, Bandis Isibraia, o que denota inteligente espírito de tolerância por parte do povo romano.
Temos, por conseguinte, dois tipos de inscrições: as funerárias, com o epitáfio e a identificação dos defuntos; e as votivas, expressão do cumprimento, de livre vontade, da promessa feita à divindade.
De notável, o facto de o epíteto da divindade nos informar de que a Bemposta romana era identificada mediante um nome seguramente aparentado com Isibraia, palavra cujo exato significado nos é, porém, desconhecido: pode tratar-se do nome dos habitantes pré-romanos (os Isibraios?) ou o do local.
A título de exemplo, veja-se que o texto de um desses ex-votos reza, em latim, que Cílio, filho de Câmalo, cumpriu o voto a Bandi Isibraiegui (assim vem identificada a divindade). O dedicante está nomeado como era hábito entre os indígenas: um só nome seguido do pai – como hoje ainda amiúde acontece em meios pequenos onde toda a gente se conhece.
José d’Encarnação
As Estrelas da Bemposta
As estelas discoides expostas pertencem a dois grupos distintos; nos exemplares mais comuns, medievais e tardo-medievais, encontram-se gravados quadrifólios rebaixados (E1) e cruzes gamadas simples ou inscritas em círculos (E8; E9), relacionadas com o conceito de movimento, da passagem do tempo, e, simbolicamente, com a duração da vida ante e post-mortem. Outro motivo recorrente, a estrela de cinco pontas ou pentalfa inciso (E11), representa uma fonte de luz, o centro místico símbolo do microcosmo e do ser humano regenerado, sendo ainda modelo do conceito de perfeição num mundo envolto em trevas.
A maioria dos exemplares são muito raros em contextos arqueológicos nacionais, mostrando uns, em baixo relevo, motivos em espiral (E2; E4), círculos concêntricos, simples ou raiados (E1), e, outros, incisões lineares geométricas ou divergentes. Estes modelos decorativos são representações simbólicas ligadas à luz e ao conceito de eternidade, que remetem também para a forma do disco solar, constituindo o tipo mais arcaizante das estelas aqui apresentadas. Os conjuntos de círculos fechados asseguram ainda a proteção contra a influência nefasta de espíritos maléficos. A maior parte das estrelas apresentam decoração em ambas as faces.
Recuperadas fora do seu local de origem, as estelas são de difícil atribuição, quer quanto à sua cronologia, quer no que respeita à comunidade que as produziu, embora as mais antigas se possam integrar no período tardo romano (sécs. V a VIII), considerando-se também que possam ser de origem indígena posterior à romanização.
Silvina Silvério
Na exposição figura ainda um grande monólito paralelipipédico, que provavelmente corresponde a um marco de separação de território entre os bens do concelho de Penamacor e o senhorio da Bemposta, pertencente à Ordem dos Cavaleiros Templários. Trata-se de um exemplar datado dos séculos XIII ou XIV, gravado com a cruz patada adotada pela referida Ordem em meados do século XII, mas que continuou a ser usada após a sua extinção. O crescente lunar, que ainda faz parte do brasão penamacorense, constitui um motivo antigo, contemporâneo dos exemplares decorados com motivos solares, sendo mais representado em estelas da região meridional galaica e do norte de Portugal, em contextos datados dos séculos I a IV, cronologia proposta pelos registos epigráficos e iconográficos associados; podemos ainda interpretar a cabeça de touro como símbolo identificativo de linhagem ou de poder.
Brochura informativa
Capela de S. Sebastião
Rua de S. Sebastião
6090-281 Bemposta
Fechado
Visitas por marcação
Entrada Gratuita
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